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motorola RAZR: finíssimo, poderoso e versátil

Rafael Rigues, PCWorld Brasil
08-11-2011

Novo smartphone da Motorola une design elegante a uma excelente câmera e ótimo desempenho, e briga pelo título de melhor smartphone atualmente no mercado.

 

Burrell Smith, engenheiro responsável pelo projeto do hardware do primeiro Macintosh, costumava conceder o título de “melhor amigo” a quem lhe fazia um favor. Mas nas palavras do próprio Smith, tais relações de amizade eram “altamente dinâmicas. A duração média de uma melhor amizade é de três a cinco milissegundos”.

Entre os smartphones, os títulos de “melhor” e “mais fino” seguem a mesma dinâmica. Em abril deste ano a Samsung colocou no mercado o Galaxy S II, na época o mais fino (com 8.5 mm) e mais poderoso smartphone disponível. Mas sete meses são uma eternidade em um mundo onde novos modelos se sucedem a cada semana. 

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Portanto, não ficamos muito surpresos quando a Motorola anunciou o Motorola RAZR, que roubou o título de mais fino com seus 7,1 mm de espessura. E não satisfeita, a empresa adicionou ao aparelho hardware suficiente para brigar em pé de igualdade pelo título de “melhor”.

Hardware e design

O design, com linhas retas e cantos angulosos, prova que é possível fazer um smartphone que não tenha cara de iPhone. A frente é protegida por um painel de Gorilla Glass, mais resistente a riscos e impactos do que o vidro comum. A traseira é em fibra de kevlar, com uma textura macia ao toque. Somando isso à estrutura metálica interna o resultado é um aparelho bastante sólido, que segundo a fabricante é capaz de passar pelo “teste do bolso” (sentar com ele no bolso de trás da calça) sem problemas.

 

Na frente: tela Super AMOLED de 4.3" protegida por Gorilla Glass

Ele realmente tem 7.1 mm de espessura, embora haja uma parte mais grossa no topo, onde ficam a câmera de 8 MP, o alto-falante e os conectores de fone de ouvido, USB e saída HDMI. Para chegar a um aparelho tão fino foram necessários alguns sacrifícios: a bateria, por exemplo, não é removível. E em vez de SIM Cards tradicionais o RAZR usa microSIM, como no iPhone 4, 4S e N9. O slot fica na lateral esquerda, junto com a entrada para cartões microSD, que podem ter até 32 GB. O RAZR tem 8 GB de memória interna, e não há nenhum cartão incluso na embalagem.

A tela Super AMOLED de 4.3” é belíssima, com cores vivas, ótimo contraste e excelente ângulo de visão. A tecnologia e o tamanho são os mesmos da tela do Galaxy S II, mas a resolução é mais alta: são 540 x 960 pixels. Com isso a densidade de pixels é maior, o que resulta em imagens ainda mais nítidas. Outra diferença que notamos é que a tela do RAZR não tem o tom levemente azulado e “frio” da tela do Galaxy S II, especialmente na hora de exibir imagens com fundo branco (como um site em um navegador). Como é de se imaginar, a tela é ótima para assistir filmes.

 

Atrás: "tecido" macio em fibra de Kevlar, leve e resistente

Câmera

As câmeras dos smartphones da Motorola, como o Milestone 3, costumam ser apenas medianas. Mas a do RAZR fugiu à regra e surpreendeu, fazendo ótimas fotos sob as mais variadas condições de luz (veja galeria). A nitidez é excelente, capturando com precisão mesmo os menores detalhes. O balanço de branco está na medida certa, e ela equilibra bem as áreas de luz e sombra. Nas fotos noturnas a luz do Flash é bem distribuída pela cena sem “lavar” os objetos à frente da lente, o que é algo raro. Além da câmera traseira, há uma câmera frontal de 1.3 MP para videochamadas. Na hora de filmar é possível gravar clipes em Full HD (1080p), e ajustar o foco manualmente tocando área da imagem onde você quer focar. 

 

Macro feita com o Motorola RAZR. Clique para ampliar

O software da câmera traz recursos que incluem efeitos de cor (como Sépia e Preto e Branco, entre outros), vários modos de cena (retrato, paisagem, noite, esporte, etc), timer e fotos panorâmicas. Nesse caso, a costura entre as imagens é bem-feita, mas a resolução deixa um pouco a desejar com apenas 694 pixels na vertical, o que limita a possibilidade de impressão das imagens. Adoraríamos ver um aparelho capaz de produzir imagens a 9792x2448 pixels, por exemplo (três fotos de 8 MP lado-a-lado), para imprimir “pôsteres” com as melhores cenas das férias.

 

Exemplo de panorama. Clique para ampliar

Sistema

O Motorola RAZR roda o Android 2.3.5, praticamente a versão mais recente do sistema operacional da Google. Como de costume a Motorola customizou a interface (que é a mesma do Milestone 3) com widgets que mostram as últimas mensagens em suas redes sociais, seus contatos favoritos, listas de tarefas a fazer, etc.

Os widgets da Motorola são redimensionáveis, o que ajuda na hora de organizar as telas iniciais (até 5) e a lista de aplicativos pode ser organizada por ordem alfabética filtrada por grupos como “só os baixados”, “só os recentemente abertos” ou grupos personalizados. Também há um conveniente ícone para acesso direto ao Android Market no canto superior direito da tela.

Há pouco software pré-instalado, entre eles o QuickOffice, um pacote Office compatível com o Microsoft Office, e o jogo “Ultimate Spider-Man: Total Mayhem”. Um dos softwares, o MotoPRINT, é digno de nota já que facilita a impressão de documentos a partir do smartphone em qualquer impressora de rede ou compartilhada por um PC rodando o software de mesmo nome, que é gratuito.

Outro, o MotoCAST, é uma “nuvem pessoal”: no PC você configura uma pasta com documentos que você quer compartilhar (sejam fotos, vídeos, músicas ou planilhas, entre outros) e eles poderão ser acessados no aparelho através da internet, seja usando uma conexão Wi-Fi ou 3G. Os arquivos aparecem no smartphone em seus respectivos aplicativos: fotos na galeria, músicas no app Músicas, etc.

O sistema funcionou surpreendentemente bem: acessamos no smartphone, via 3G, músicas armazenadas em um PC na redação conectado à internet. E a configuração foi muito fácil: bastou indicar no PC quais pastas compartilhar, e não precisamos nos preocupar com os detalhes de configuração de rede como protocolos e ajustes num firewall. Além do MotoCAST o RAZR também é compatível com DLNA, para streaming de fotos, vídeos e música para aparelhos compatíveis, como TVs e consoles de videogame, via Wi-Fi.

Já o Smart Actions é um sistema que automatiza tarefas no aparelho. Você pode, por exemplo, criar uma “ação” que automaticamente abre o Media Player e começa a tocar sua playlist favorita sempre que os fones de ouvido forem conectados, ou que desligue o GPS, o 3G e coloque o aparelho no modo silencioso sempre que você se conectar à rede Wi-Fi do trabalho. 

É possível criar até mesmo ações para economizar bateria, como “se a bateria estiver com menos de 20% da carga, desligue o Wi-Fi, a conexão de dados e reduza o brilho da tela para 25%”. Tudo isso de forma visual, selecionando entre categorias e ações na tela. E o sistema sugere automaticamente ações de acordo com seu perfil de uso.

Um detalhe interessante para quem usa o smartphone como ferramenta de trabalho: o RAZR tem um sistema completo de criptografia de dados integrado ao sistema operacional. É possível, mediante definição de uma senha, criptografar todos os dados na memória do telefone e no cartão microSD, ou apenas itens como e-mails, listas de contatos e calendário. Assim, se o aparelho for perdido ou roubado suas informações não cairão em mãos erradas.

Desempenho e Bateria

Ao longo de um dia de trabalho o RAZR mostrou uma autonomia de cerca de 13 horas, isso com uso leve, incluindo uma hora e meia de navegação via 3G, quatro chamadas curtas e algumas mensagens SMS, com a maioria do tempo em espera, conectado à uma rede Wi-Fi. Esperávamos mais.

Se você faz uso intenso de 3G, por exemplo, poderá ficar sem carga no meio do dia: em uma “maratona” de navegação ele aguentou cerca de 6 horas de uso (5 horas e 50 minutos, para sermos exatos), com brilho da tela no automático, GPS ligado e Bluetooth desligado. Já na reprodução de vídeo ele mostrou uma autonomia de 5 horas, ligado à rede de telefonia, conectado a uma rede Wi-Fi, com GPS ativo e brilho da tela em 50%. Em “modo avião”, com todas as interfaces de comunicação desligadas, a autonomia será maior.

O maior vilão na autonomia é a tela, com mais da metade do consumo de energia. De certa forma isso é uma boa notícia: como ela é muito brilhante, mesmo com o brilho a 15% ainda é perfeitamente usável. Portanto, diminuir o brilho e ativar a opção “Energia da tela” (que escurece a tela mais um pouco) nas configurações pode ajudar bastante na autonomia.

Já nos testes de desempenho com o AnTuTu notamos que o RAZR tem desempenho praticamente idêntico ao Samsung Galaxy S II, que coroamos como Rei dos smartphones em Julho deste ano. A marca de 6017 pontos foi apenas 55 pontos menor que a do aparelho da Samsung, uma diferença praticamente nula no dia-a-dia que consideramos um empate técnico.

Para se ter uma idéia de o quão à frente o RAZR e o Galaxy S II estão da concorrência, basta lembrar que o segundo lugar na lista é divido pelo Milestone 3 (também da Motorola) e pelo Optimus 3D (da LG), ambos quase mil pontos atrás.

Veredito

“Motorola RAZR ou Samsung Galaxy S II”? Essa foi a pergunta que mais ouvimos durante nossos testes com o aparelho. E a resposta é que, embora ambos sejam excelentes aparelhos capazes de agradar mesmo ao mais exigente dos usuários, o RAZR leva vantagem na comparação.

Apesar do desempenho praticamente idêntico, o aparelho da Motorola tem uma tela com resolução mais alta e melhor qualidade de imagem. E se analisarmos o conjunto veremos que ele traz um kit de acessórios que inclui, além do tradicional carregador, cabo USB e fones de ouvido, um carregador veicular, adaptador para webtop e um cabo HDMI, acessórios que em outros aparelhos são vendidos separadamente.

 

Lado a lado: Galaxy S II (esquerda) e RAZR (direita)

Além disso, assim como o Motorola Atrix o RAZR pode virar um “netbook” com a Lapdock 100, um acessório vendido separadamente. Basta plugar o telefone a ela e você tem acesso a um ambiente desktop com gerenciador de arquivos e o Firefox 6, em uma tela de 10.1” com teclado completo bastante confortável e um trackpad multitoque. A Lapdock também tem portas USB para conexão de acessórios (como pendrives) e serve como bateria extra para recarregar o smartphone enquanto ele está conectado. 

Segundo a Motorola, o RAZR terá preço sugerido de R$ 1.999 no Brasil, no pré-pago e sem subsídios de operadora. O aparelho chega às lojas a partir de 16 de Novembro.